Blog idealizado por mim, Vivian Marcondes, que sempre digo que "em primeiro lugar, sou mãe". Sou e fui muitas coisas nesses meus 32 anos de vida. Mas, há apenas 2 anos, é que descobri aquilo que eu realmente amo, que é a minha cara, minha missão e minha identidade: a maternidade. Daí veio o nome, que primeiro batizou meu blog pessoal, e em seguida também denominou meu grupo no Facebook, mais tarde tendo a Simone Galani como braço meu direito, na moderação.
De início, um grupo sem qualquer pretensão, só para fugir do que eu estava acostumada e não gostava. E sem fazer alarde, se formou uma simpática turma de mães de mente aberta e muita experiência para compartilhar. E a cada publicação, e cada pedacinho de história de vida contada, esse blog aqui ia tomando forma na minha cabeça.
Veio a ideia do blog extensão do grupo, e era inevitável que o título se repetisse! Luanda Mangeni, que se mostrou mais do que empolgada: maravilhada com essa ideia, é meu braço esquerdo, e assina muitos dos textos publicados aqui.
E aqui vamos nós: com muitas Identidades incríveis para revelar, sem regras indiscutíveis, fugindo sempre que possível dos clichês. Aqui são mães de verdade! Dedicadas, amorosas, apaixonadas, mas nunca perfeitas.
Curtam!

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Identidade: Mãe Juliane Vismari

          Não sou uma mãe perfeita porque gostaria de poder evitar que ele sentisse dor, me sinto culpada,                                  incapaz às vezes, por não conseguir arrancar aquela dor dele


Começo deixando claro que minha vida sempre foi trabalho e foi através dele que hoje tenho minha família.

Conheci meu marido, Júlio, através da irmã dele e minha grande amiga Glória, a qual conheci no trabalho. Eu e Glória dividimos apartamento por quase 2 anos e me senti adotada pela numerosa, agitada e apaixonante família Moisés.
Como eu e Glória tivemos pouco tempo na vida pra curtir a vida, já que o batente veio cedo e intenso pra nós de formas diferentes, então nossa amizade tornou-se um pacto de viver nossa adolescência tardiamente e o nosso barato era cachaça, balada, namorar muuito (opa!) e tudo isso aproveitamos muito. Em uma dessas baladas, conheci o Júlio e o detestei, porque era o bêbado chato da balada. Daquela noite após um beijo contrariado que lhe dei, nem sonhava que estava conhecendo o futuro pai do meu filho e então por meses ele me cortejou (nossa, alguem usa essa expressão ainda rs) e eu corri dele. Afinal era um galinha nato, baladeiro, moleque total (apesar da idade, já que é 6 anos mais velho que eu), então ficávamos esporadicamente e sem compromisso sempre.
Até que um dia ele disse que queria namorar comigo, de verdade e, após uma prova de amor irrefutável (isso rende outra história), começamos a namorar e 9 meses depois fomos morar juntos. Isso foi em dezembro/2008 e cá estamos até hoje.
Em dezembro/2011 decidimos ficar grávidos, mas tinha uma endometriose no meio do caminho que me levou à uma cirurgia em julho/2012 e eis que em setembro/2012 descobrimos que nosso príncipe estava a caminho.
Tive uma gravidez de fazer inveja à qualquer mamãe: nao senti enjôo, náusea, dor, nada, só fiquei redoooooonda como se tivesse 3 bebês na barriga. No fim da gestação minha pressão subiu e comecei a inchar, sintomas de pré-eclampsia e tive que induzir o parto com 38 semanas. Tranquilo, dia 1 de maio lá estava eu induzindo parto normal e todo mundo me achando A louca porque "hoje em dia pra que sofrer um parto normal se a cesariana é tão rapidinha..." Meu sonho era/é viver o parto normal, e, apesar de não ter sentido quase dor (as enfermeiras chocadas em ver as contrações na toco e eu papeando tranquila), de ter dilatado 10 dedos, bolsa rompida, bebê virado e encaixado, não rolou! Carlinhos estava com a cabeça transversal e não saiu após meia hora fazendo força. Acabei indo pra cesárea chorando. Mas foi o momento mais lindo da minha vida e sou muito grata por poder ter vivido essa experiência abençoada!


Com quantos anos se tornou mãe?

29 anos.

Quantos filhos, e quais idades?

Carlos Alberto, 5 meses.

Como você era antes, e como ficou com a chegada da maternidade?

Eu era alucinada por trabalho, não me preocupava em me alimentar bem, ter momentos de lazer, sempre colocava a obrigação à frente de tudo, enfim uma caxias. Quando o instinto maternal bateu à minha porta, passei por um processo de reflexão e refiz minhas prioridades. Portanto a maternidade me trouxe um novo olhar desacelerado sobre a vida com simplicidade, o prazer do cotidiano, o cultivo do bem-estar e a importancia da família acima de tudo.

Um momento inesquecível com seu filhote:

O parto: assim que ele nasceu, abriu um berreiro (para o meu alívio rs) e, magicamente, só parou quando a enfermeira colocou ele pertinho de mim para eu beijá-lo. Eu - que já estava chorando antes dele nascer - chorei mais ainda depois que o vi pessoalmente pela primeira vez.

Do que você teve que abrir mão, com a chegada da maternidade, e como encarou isso?

Ainda estou afastada da empresa e tem sido um impacto estar longe do trabalho, tendo em vista meu histórico work-a-holic.  Mas estou curtindo as belezas de ser mamãe intensamente, e sei que viver esses momentos com meu filho valerão muito a pena. Me sinto muito mulher sendo mãe.

O maior susto, na sua vida de mãe:

Quando vi sangue no cocô do Carlinhos, que foi diagnosticado logo depois com alergia à proteína do leite de vaca (APLV) e que se manifesta nele de uma forma pouco comum que é lesando o intestino. Nem sabia da existência dessa alergia, foi bastante surpreendente pra mim.

Você trabalha? Qual a sua profissão?

Sou analista financeira de uma empresa do ramo de eventos. Mas sou formada em Letras (não tentem entender...)

Quando você se cuida e curte o(a) parceiro(a)?

Ultimamente estou em falta com meu marido que amo muito. Mas logo estaremos namorando e passeando bastante juntos, pois no momento as namoradas aguardam uma brechinha de tempo que nosso filhote nos permite rs...

Já fez alguma viagem com o(s) pequeno(s)? Pra onde? Como foi?

Ainda não viajamos com o pequeno.

Tem bichos em casa? Qual o contato da(s) criança(s) com ele(s)?

Não temos bichinho de estimação, pois meu apartamento é muito pequeno (mal nos cabe nele). O único contato do meu bebê com animais até agora é ouvir o bem-te-vi que mora na árvore em frente ao nosso apê cantar.

Quem é responsável pelos cuidados diários?

Eu. E aos sábados eu saio por 3h para estudar inglês e meu marido fica com ele.

Quais os programas preferidos de mamãe com a(s) cria(s)?

Eu saí pouco com o pequeno por enquanto... Mas saimos pra comer fora, passeamos na casa das vovós... Essa semana tentei caminhar até uma praça aqui "perto" de casa com ele no canguru e quase enfartei. Estou fora de forma rs

Seu(s) filho(s) já frenquenta(m) escolinha? Qual a sua participação nessa rotina?

Não, ele fica comigo o dia todo. Brinco com ele, canto, ensino a sentar, rolar, é uma delícia.

Não sou uma mãe perfeita porque...

Gostaria de poder evitar que ele sentisse dor, me sinto culpada, incapaz às vezes, por não conseguir arrancar aquela dor dele. A rotina de um bebê com APLV é uma incógnita, pois me habituei a identificar choro de dor e cólica... É bem sofrido...

E por fim, o que é ser mãe pra você, além de "Padecer no Paraíso"? Qual o segredo para ser uma boa mãe?

Depois da maternidade, descobri o amor mais puro que Deus criou na Terra. Nada é mais gratificante que o sorriso banguelo do meu Carlinhos quando cruza o olhar com o meu, como quem vê em mim a maior alegria da sua vidinha maravilhosa. Apesar do cansaço, do trabalho duro, da dedicação, do pouco (às vezes nenhum) sono, esse, sem dúvida, é o trabalho que mais me orgulhou na vida até agora: ser MÃE.
Não sei o segredo para ser uma boa mãe, acho que basta amar muito esse serzinho cuja vida nos foi confiado e que nos torna, diariamente, pessoas melhores do que éramos. É um presente de Deus!

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Identidade: Mãe Vanessa Nunes

                       Não sou uma mãe perfeita por que sou ser humano e erro como todos.


Pois bem, vou começar com minha infância.
Saudades... Se tenho saudades da minha infância?
Não, NÃOOOO, nem um pouco.
Com 4 pra 5 anos tive que começar a entender da pior maneira possível o que é ser uma irmã mais velha.
É! Quando fiz 4 anos nasceu meu irmão. Acho que por alguns motivos que vou mencionar aqui é que me sinto tão insegura em ter ou não outro filho
.
Meu pai, deixou minha mãe no hospital, me pegou na casa de uma vizinha, me levou para a casa, colocou um banquinho na frente da pia, uma faca na minha mão e disse:

"-Corta esse tomate pro pai e faz uma salada. O pai vai tomar banho e já volta. Fica ai quietinha."

Me lembro de cada gesto e palavra como se fosse hoje.

Cortei os tomates, fiz a salada. Claro que salguei tudo e cortei os tomates em dois achando que estava abafando com minha saladinha... ( risos).
Vocês devem estar achando meu pai um louco, mas ele fez comigo o que fizeram com ele: desde cedo foi obrigado a pular em lombo de cavalo para ajudar no sustento da família que era enorme (18 irmãos), hoje quando conversamos sobre isso ele mesmo admite tamanho absurdo, mas já passou e não, eu não guardo mágoa do meu pai por isso, mas ainda guardo por outros motivos que logo vocês irão descobrir.

Pois bem, o tempo passou e eu comecei a cuidar do meu irmão, eu com 6 anos e meu irmão com 2 já estava dando as papinhas, o suco, colocava ele em meu colo pra ele arrotar, enquanto minha mãe brigava por um espaço num cortiço com mais de 12 famílias na época (hoje ela mora no mesmo lugar, porém agora é só ela e mais uma vizinha, também da mesma época). Não tínhamos direito a nada, banheiro dividido e todas as vezes que queríamos usar, era uma briga e uma higienização sem fim...
O tempo foi passando e via que minha mãe na verdade me deixava tanto tempo com o Bruno, (esse é o nome do meu mano) porque ela já não estava bem, um problema sério de coluna e ela tentou esconder até que um dia travou de vez logo após colocar meu irmão pra dormir. Foi se levantar da cama e ficou lá gemendo de dor, suando frio e sem sequer conseguir respirar. Eu consegui tirá-la dali. Como?
Não sei, eu comecei a pedir pra Deus e creio que nessa hora Ele me ajudou.
Ai sim, quando pensei que ia começar a ir pra escola, estudar, brincar, ajudar só um pouquinho nos afazeres domésticos foi que me lasquei, porque minha mãe com esse problema não podia nem aguentava fazer nada, nada mesmo. Muitas vezes ela ia para o banheiro e eu ajudava no banho, porque nem as partes (os lugares sabe, que precisam de cuidados mais que especiais?) nem essas partes ela conseguia cuidar.

"Ebaaaa!!! -pensei- chegou minha vez, vou pra escola! Completei 8 anos e minha mãe conseguiu me matricular... uhuhuhuhuh. Vou ficar lá, vou estudar e tirar da minha cabeça a tristeza que foi passar um ano no "prezinho"(dos 4 aos 5, meus pais pagaram um "prezinho" pra eu ficar lá por duas ou três horas por dia, e meu Deus, odiei).
Na escola eu estava feliz, eu estava aprendendo, eu estava me dando bem com todo mundo.

NÃOOOOOO...

"Apanhei mais que mala véia pra soltar o pó"( risos). Pra começar a deixar de ser canhota apanhei muito. Porque era negra, cuspiam no meu lanche de abacate amassado com açúcar porque muitas vezes era a única coisa que minha mãe tinha pra me dar pra levar, os alunos não gostavam de mim... Gente, não tenho saudades nenhuma. GORDA, NEGRA, POBRE... Vocês tem ideia?
Espero que ninguém tenha, por que não foi nada fácil.
As professoras não me explicavam a matéria, sempre que eu vinha pra casa eu vinha com dúvidas e cadernos incompletos...
Por que não contar tudo para meus pais?
Meu pai era um grosso, daqueles que chegava nos lugares e chamava minha mãe e eu de rolhas de poço, duas gordas horrorosas, e por aí vai. Que apoio eu ia ter? Nenhum!
Eu tinha mais medo do meu pai do que da própria escola. 
Sempre pegavam meus lápis, réguas e borrachas e não devolviam, até que um dia de tanto eu falar para os meus pais que perdi, eles me disseram que não iam mais comprar e que seu aparecesse em casa sem material eu iria escrever com carvão ou dedo. Pois bem, meu pai falou isso à noite com o apoio da minha mãe. No dia seguinte o moleque FDP fez o favor de pegar tudo isso novamente. Conclusão: fiz toda a lição com lápis de cor, a professora não gostou, mandou que eu entregasse um bilhete para os meus pais, jogou meu caderno todo rasgado na lata de lixo e me fez pegar, dizendo: " NEGUINHA DO PASTOREIO DEVE PEGAR SUAS COISAS NO SEU DEVIDO LUGAR". Fez o bilhete. Eu com medo falsifiquei e  dias depois de tanto enrolar e não dar o recado para meus pais, a professora descobriu, chamou minha mãe, conversou com ela na frente de todos da sala. Minha mãe foi embora e eu ainda aquentei mais 1 ou 2 horas de aula..
Quando cheguei em casa ela só me falou a seguinte frase:
"Quando seu pai chegar você se entende com ele."

Eis que meu pai chega cedo, minha mãe fala com ele e ele por sua vez me dá a maior surra. Eu tinha 10 anos. Foi a primeira e única vez que meu pai me bateu. Cortou boca, sangrou nariz, deixou sangue pisado nos olhos... Fiz xixi nas calças e vomitei sem parar. Minha mãe ainda me fez ir com dores em todas as partes do corpo e hematomas horríveis no rosto à uma festa junina na escola...Vou parar por aqui.

Depois de muito apanhar e sofrer, achei que ia conseguir melhorar meu caminho e destino escolar, afinal já estava indo para a 5° série e lá comecei a fazer algumas amigas, mas meu pai não as deixava ir pra casa nem pra fazer trabalho escolar, quanto mais pra brincar.
Mas quando eu fiz 14 anos e já estava em outra série encontrei novamente professores racistas e que não me explicavam absolutamente nada, jogavam meus cadernos no lixo e os " amigos" só grudavam em mim pra jogar vôlei, futebol ou pra ajudar com alguma matéria que raramente eu ia bem ou para ajudar nos rolinhos de paqueras.

Gentee!!! Desculpe, me empolguei e contei o que nunca havia contado pra ninguém, não assim em detalhes.
Bom, minha mãe entrou em depressão profunda por dois anos, eu tomei as rédeas da casa, quase perco o ano escolar. Tinha que cuidar dela, das coisas do meu pai como acordar às 5:00 da manhã pra fazer a comida e mandar a marmita fresquinha pra ele, fazer o café que ele levava...
Cuidar das coisas da casa, lavar, passar, cozinhar, cuidar do meu irmão, levá-lo para a escola...
Meu irmão sempre foi muito doente, até hoje nunca descobrimos na real o que ele tinha, mas sempre com diarréias, vômitos, muito magro e abatido. Eu que me encarregava de cuidar das medicações e alimentação...
Tive desde cedo que crescer e evoluir emocionalmente. Minha mãe melhorou e foi estudar. Eu fui trabalhar e eis que ela recai novamente na depressão, meu pai infarta, meu irmão ali perdido e eu precisando ser a força, nunca chorar na frente dele, passar para meu pai que as coisas estavam indo bem em casa e que minha mãe estava melhorando, só que na verdade estava tudo ao contrário.

O tempo continuou passando, agora finalmente todos estão bem de saúde. Eu sai da Droga Raia, uma empresa em que trabalhei por 4 anos e fui feliz, fui para a UTI cardiológica do Hospital Santa Marcelina, zona leste de São Paulo, com  2 meses que estava lá, decidi largar um namorado que só me sugava, só queria de mim a grana e sexo, jantares pagos, carinhos e nada de compromisso. Namoramos por 4 longos anos. Quando fiz 1 ano de Hospital, meu grande sonho sendo realizado, planos de fazer a faculdade de farmácia, eu comecei a passar mal e depois de muito sufoco, como desmaios em metrô e ônibus, me diagnosticaram com depressão, Transtorno bipolar e Síndrome do Pânico,. Compulsiva comprava tudo e para todos, qualquer pessoa do meu círculo familiar ou de " amigos" que chegasse em mim e dissesse que estava precisando de uma bala eu ia lá e comprava sem nem argumentar. Criei uma divida enorme, meus pais assumiram meus talões de cheque e meus cartões de crédito. Achei que estava tudo bem, afinal não tinha mais dívidas, mas sempre que tentava trabalhar, passava mal, me dopavam e meu pai ia me buscar lá na zona leste.
Acabou que saí do hospital, criei um projeto social para ajudar os carente e necessitados para aprenderem artesanato, enquanto estava em casa e dizia para mim mesma que não queria mais trabalhar na área da saúde. Eis que surge mais uma pessoa e desta vez pior que o primeiro namorado, mas logo nos separamos.

Não queria mais namorar, não queria mais ficar ficar aqui em São Paulo. Então comecei a fazer Enem, provas, concursos, mas tudo em Minas Gerais onde tenho família ou no interior de São Paulo.

Não estava querendo mais nada aqui e estava pronta para cancelar, acabar com o Projeto Social.

Resolvi entrar na internet, coisa que quase nunca fazia até por que depois de muitas brigas com meu irmão jurei pra mim mesma que nunca mais colocaria as mãos no computador dele, mesmo assim enquanto ele trabalhava entrei em um site de busca e fui pesquisar campus, repúblicas e um emprego, mas quando eu abri, do lado esquerdo do computador algo me chamou a atenção: um chat que tinha salas de bate-papo. Conversei com muitos, confesso que marquei alguns encontros. Nenhum deu certo... E na verdade eu nem queria porque todos me faziam sofrer. Dos dois namorados que tive só me lasquei, então o foco era continuar magra por que depois do primeiro relacionamento terminado emagreci e todos me perguntavam se estava doente. Então eu queria era mudar de vida, mas com tantos remédios que eu tomava por dia, (mais de 16 comprimidos) eu não raciocinava direito... Viajei com uma grana que tinha guardado, ajudei a cuidar do meu avô paterno que estava com câncer. Ao voltar para São Paulo há mais de 2 anos sem ninguém, quis entrar na tal sala  de bate-papo. Entrei em uma que era com perfil de maiores de 30 anos, sempre me interessava por homens mais velhos. 
Aí encontrei um homem que dizia ter 32 anos e gostar das mesmas coisas que eu. Meses depois de conversa resolvi dar meu celular pra ele. Eu acabei de passar a mensagem e ele me ligou. Nessas alturas estava eu lá trabalhando novamente e me sentindo totalmente recuperada da deprê, fui para o Hospital das Clinicas - Farmácia Ambulatorial, estava feliz e quando ele me ligou eu estava atendendo um pepino daqueles de uma paciente e sua receita e disse que não podia falar com ele naquele momento e perguntei se ele entraria mais tarde na net.
À noite passei direto do Hospital para uma Lan House e lá encontrei com ele que admitiu ter mentido para mim e que não tinha 32 anos, mas sim acabado de fazer 18... Eu falei: "quero ver seu rosto". Ele me mostrou... Lindo, moreno, 1,75m de altura, forte... super boa aparência, queria a todo custo que eu desse uma chance e eu super relutante, sempre que ele falava que queria me conhecer eu pensava:
"MEU DEUS NUNCA DEU CERTO COM CARAS MAIS EXPERIENTES, POR QUE DARIA COM UM GAROTO DE 18 ANOS?"
Marcamos de nos conhecer no dia 12 de agosto de 2007, no Campo de Marte em Santana, fiquei encantada com tamanha timidez, todo perdido, e ele acabou achando que eu era muita areia para o caminhão dele, (palavras dele rsrsrsrs) estudava, lia muito, trabalhava... Ele apenas começando o trabalho braçal como ajudante de pedreiro e preso pelas burocracias do Exército nesta fase para os homens. Foi uma tarde muito agradável e fiquei muito feliz por estar com ele. Não sei por que mas algo em nós batia... O coração acelerava ao extremo só dele me olhar..
Enfim, à noite ele me chamou novamente para conversar, eu fui para a Lan House, abri o computador e uma galera atrás dele, vibrando pelo moleque tímido...  A namorada. Sim, sim... ele me pediu em namoro, ou melhor, eu pegunte pra ele:
"Você gostou do nosso encontro, gostou de eu ter te levado no MC, gostou do lanche...?"
E ele, afogado no headfone me respondeu sim à tudo.
Aí eu falei pra ele: "então me pede em namoro?"
E ele: "Sério, você não tá brincando? Você quer namorar comigo?"
Ai eu falei: "só estava esperando você me perguntar, como você já me perguntou eu respondo que Sim, aceitooo..."
15 dias depois tivemos nossa primeira transa, na casa dele. Ééeééé, a louca foi vê- lo no hospital porque ele havia passado mal, a mãe dele ligou para meus pais. Detalhe: eu já tinha 24 anos e a minha sogra precisou pedir permissão para meus pais para eu dormir lá.
Eu era a primeira dele em tudo, a namorada, a transa, os beijos mais quentes... tudoooo... E vocês não sabem:
naquela primeira transa eu engravidei... Mas só descobri que estava grávida em 13 de Outubro na casa dele. Um dia antes eu fiz uma mistureba de lasanha de caixinha, estrogonofe também de caixinha, catchup, mostarda e mousse de morango logo em seguida..
No dia seguinte acordei muito inchada e  com a pressão lá nas alturas, só me veio na cabeça: não tenho uma menstruação regular, mas também nunca deixou de vir... Assustada pedi pra ele comprar teste de gravidez. Nervosa errei o alvo e fiz pouco xixi, mas mesmo assim deu positivo, e nessa ele comprou mais 3 testes. TODOS positivos. Ficamos sem saber o que fazer, mas ele só me abraçou. E eu perguntei: "o que vamos fazer?" E ele me respondeu: "Vamos cuidar". Contamos para os pais dele que não falaram nada, só a mãe dele disse: "agora é batalhar pra cuidar dessa criança". Já na minha casa...

Eu resolvi esperar meu pai chegar de viagem para contar o ocorrido, mas em uma sexta -feira eu fui abaixar pra limpar a estante de casa e eu não enxerguei mais nada... Como ainda estava tomando os remédios, lá me pediram pra fazer mais um teste e mediram minha pressão que por sinal estava muitoooo alta: 22 x 12... Me medicaram e me encaminharam para um hospital que pudesse cuidar da gestação que foi de risco. Acabei fazendo onde eu trabalhava e estava de licença lá no Hospital das Clínicas. Minha mãe ainda não sabia e naquele dia acabei contando sobre a gravidez. Ela chorou, me falou um monte e ficou com a cara fechada  sem dar um "A" até a chegada do meu pai... Aí que o bicho pegou, meu pai me deu um prazo para sair de casa, meu irmão esculachou o Thiago de moleque e irresponsável e diziam mais: "Ai! Agora que esse troço, que essa coisa já ta feita, quero ver oque vocês vão fazer!" Eles diziam que ele me largaria na primeira oportunidade, o primeiro choro do bebê.
Então comecei a procurar uma casa desesperadamente, cansada, inchada, com a pressão nas alturas e necessitando de repouso absoluto fui em busca de um lugar pra morar com meu então namorado e minha "FILHA"... Sim o Iago foi chamado de ANA JULIA até o 7° mês de gestação. Eu fiquei aqui sozinha, o Thiago preso pelo Exército lá em Guarulhos. Mas acabou dando quase tudo certo. Passamos fome, necessidades, choramos muitooo, nós dois juntos acariciando nosso filhote ainda na minha barriga... Eu só emagrecia. Obstetra queria me internar e eu disse que daria um jeito... Nós mudamos, começamos a ajeitar as coisas aos poucos....blá, blá... (risos)
Em 02/06/2008, às 03:00h da manhã vieram as primeiras cólicas e dores fortes nas costas. Como o médico havia dito que seria só para o dia 20 eu tomei buscopan para aliviar a dor, pensando que era mesmo uma cólica, afinal na terça-feira que seria 03/06 eu teria Ultrassom e consulta, pensei que falaria tudo pra ele e ficaria resolvido.
Consegui pegar no sono, quando acordei a dor estava aumentando, me levaram para o PS próximo de casa, lá falaram que minha pressão estava alta por conta da dor, que não podiam me medicar e que era pra eu voltar pra casa pois eu ainda não tinha dilatação suficiente para tê-lo.
Voltei pra casa e quando cheguei, que encostei as costas na cama, vieram a ânsia de vômito e as dores agudas, com o escurecimento das vistas. Só me lembro de gritar o Thiago: "THI CORRE, CHAMA ALGUÉM, O IAGO VAI NASCER!"
Chamaram a vizinha, me levaram para outro hospital e lá meu filhote nasceu, às 16:30h.
Não chorei com as dores, mordi tudo quanto foi lençol, pois não sei o porquê, mas prometi que não choraria pela dor, mas sim pelo amor que estaria vindo de mim.

MEU FILHO VEIO PARA CURAR A DEPRESSÃO, ME DEIXAR MAIS FORTE PERANTE TODOS QUE SEMPRE ME ACHARAM UMA FRACA E DERROTADA, E ME FEZ ENXERGAR QUE SEM ELE E SEM O THIAGO NÃO SOU NADA NEM NINGUÉM! ELE ME FEZ LEMBRAR QUE TODAS AS VEZES QUE ACHAVA QUE MORRERIA NO PARTO E PEDIA PARA MINHA MÃE CUIDAR DELE, ELE ME DAVA UM CHUTE OU ME MANDAVA UMA AZIA DAQUELAS (rsrsrs) SÓ PRA DIZER: CALMA MAMÃE, LOGO, LOGO TUDO ISSO PASSA E VAMOS SER FELIZES.

Meu pai foi o primeiro a pegá-lo no colo. Durante toda a minha gestação não tive nenhum deles ao meu lado, nem um carinho ou elogio por ver a barriga crescer, eram apenas Deus, meu filhote, meu esposo e eu.
Vencemos e continuamos juntos batalhando por cada conquista.

Com quantos anos se tornou mãe?

Me tornei mãe aos 24 anos.

Quantos filhos, e quais idades?

1 filho, 5 anos. Iago.

Como você era antes, e como ficou com a chegada da maternidade?

Eu era boba, deixava todo mundo montar em mim e não lutava pelos meus ideias, era fraca. Hoje depois da chegada do meu filho, enfrento o mundo de peito aberto e mando qualquer um pra aquele lugar se pisar na bola com qualquer um dos meus.

Um momento inesquecível com seu filhote:

Um momento inesquecível com o Iago?

Ano passado quando ele entrou de cabeça, com a maior vontade do mundo em uma cachoeira, sem medo de ser feliz. Foi nossa primeira viagem juntos, andou à cavalo, brincou com vários animais...

Do que você teve que abrir mão, com a chegada da maternidade, e como encarou isso?

Tive que abrir mão dos estudos, da idéia de morar fora, da academia, de manter o corpo que um dia sonhei e consegui alcançar aos trancos e barrancos... Abrir mão de comprar o que eu queria e na hora que eu queria, passar vontades para saciar as dele primeiro... No começo não encarei numa boa não, chorava demais e sofri um pouco, mais por medo de não saber cuidar dele e de não ter mais o que eu havia lutado para conquistar: minha liberdade.

O maior susto, na sua vida de mãe:

Foi quando o Iago teve que ficar internado por 9 dias com um soro no pé, com feridas que iam da boca até o esôfago, quase no ponto de colocarem sonda naso-gástrica para ele se alimentar. 


Você trabalha? Qual a sua profissão?

Não, eu não trabalho. Abri mão de trabalhar pelo meu filho e há 3 anos estou em casa.

Quando você se cuida e curte o(a) parceiro(a)?

Não tenho tido muito tempo e nem grana para me curtir, às vezes faço as unhas em casa, agora que ganhei um secador, de vez em nunca eu tento fazer uma escova, mas o cabelo é muito grande e não dou conta rsrsrsrs.. Tentei voltar para a academia, mas não estou conseguindo ir, tem 15 dias que não dou as caras por lá. E o maridão? Vixe... a coisa mais difícil é termos um tempo só pra nós dois, ele trabalha em dois empregos à noite então, chega e desmaia... Vamos ver se conseguimos reverter esta situação nas férias dele no mês que vem. rsrsrs

Já fez alguma viagem com o(s) pequeno(s)? Pra onde? Como foi?

Bom, a viagem já comentei né? 
Foi para o Sul de Minas Gerais, no fim do ano passado a primeira viagem do Iago, e foi simplesmente demais.

Tem bichos em casa? Qual o contato da(s) criança(s) com ele(s)?

Não tenho bichos.

Quem é responsável pelos cuidados diários?

O cuidado do Iago é 100 % por minha conta.

Quais os programas preferidos de mamãe com a(s) cria(s)?

Gostamos de brincar ao ar livre sempre que podemos, jogar vídeo game, fazer brinquedos caseiros...

Seu(s) filho(s) já frequenta(m) escolinha? Qual a sua participação nessa rotina?

E ele já vai para a escola e eu tento participar de tudo, sou a mãe que não falta em nenhuma reunião, nenhuma festinha e até uma pasta com todos os trabalhinhos dele desde o ano passado eu criei... que viagem né? rsrsrs

Não sou uma mãe perfeita porque...

Não sou uma mãe perfeita por que sou ser humano e erro como todos.

E por fim, o que é ser mãe pra você, além de "Padecer no Paraíso"? Qual o segredo para ser uma boa mãe?

Para mim ser mãe vai além de dar carinho e amor, é cuidar, educar, estar ali para todos momentos bons e ruins... E o segredo para ser uma boa mãe? Ainda não se,i estou tentado achar a resposta, afinal cada dia que passa aprendo mais e mais com ele.